SE OS MÚSCULOS CONSOMEM HIDRATOS DE CARBONO,
PORQUE SE TOMA PROTEÍNA?
Apesar de o recurso energético principal dos músculos durante o exercício ser maioritariamente composto por hidrato de carbono, e de a combustão de proteína não variar significativamente, a maioria dos desportistas finaliza o seu treino com uma bebida proteica. A causa para essa aberração reside no marketing da indústria dos lacticínios, que converteu eficazmente um desperdício do fabrico de queijo – altamente processado, contaminado e patogénico – numa enorme fonte de lucro. Para isso, explorou a fantasia de que, se os músculos são compostos por proteína o seu alimento ideal deve ser rico em proteína – servida com o auxílio de culturistas e atletas que dependem realmente de ciclos hormonais. No entanto, isso seria equivalente a dar a entender que o alimento ideal para regenerar osso, são ossos, ou que a melhor qualidade de proteína para humanos provém de carne humana. A consequência desse embuste, é de que o consumo dos alimentos com as proporções correctas de nutrientes para reabastecer e reparar o corpo, foi substituído por desperdício fabril, suportado frequentemente por nutricionistas desportivos, que possuem laços financeiros com a indústria.
A PROTEÍNA SUPLEMENTAR É NECESSÁRIA
PARA FORNECER O CRESCIMENTO DOS MÚSCULOS?
A noção convencional é de que, além do fornecimento energético, a proteína suplementar é necessária para o crescimento muscular. Porém, a massa muscular é composta por apenas 15 a 20% de proteína, sendo a maioria do seu peso representada por água. Perante a possibilidade improvavelmente elevada de sintetizar músculo a cerca de 1.5% do peso total por mês – que gradualmente diminui com a quantidade de músculo adquirida – um homem de 70 quilos formaria 1,05 kg de músculo, constituído pelas correspondentes 150 a 200 gramas de proteína. Isso equivale a umas meras 5 gramas de proteína adicional por dia – apenas uma fracção da que é providenciada como resultado do aumento do consumo calórico proveniente da actividade física.
Se a proteína suplementar coincidisse com as expectativas de quem a consome, os ganhos de massa magra seriam praticamente equivalentes à quantidade consumida. Um boião de 2 quilos de suplemento contém cerca de 1500 gramas de proteína, que segundo as recomendações dos fabricantes corresponde à dose para um mês. Excluindo a proteína dietética, essa quantidade permite formar 10 quilos de músculo; 120 quilos ao fim de um ano. No entanto, uma vez que o organismo não retém proteína acima das modestas necessidades fisiológicas, o produto é integralmente excretado na urina, através da sobretaxação hepática e renal, em conjunto com as finanças do consumidor.
NÃO HÁ QUALQUER ESPÉCIE DE BENEFÍCIO
EM CONSUMIR PROTEÍNA SUPLEMENTAR
Consumir proteína acima dos requisitos do organismo não aumenta a massa muscular nem melhora a performance, assim como a exclusão dietética da carne não prejudica o desempenho repetitivo de curto prazo. Atletas de força que aumentam o consumo proteico acima de 1.4 g de proteína por Kg/dia (para um homem de 70 kg, isso equivale a ultrapassar as 98 g de proteína diárias) não obtêm melhorias de síntese muscular, mas sim desperdícios da proteína consumida adicionalmente.1 Foi demonstrado que, tanto em indivíduos iniciados no treino intensivo de construção muscular, como em atletas experientes, a suplementação de proteína não cria qualquer espécie de favorecimento na criação de massa muscular ou de força.2,3 Por essa razão, as recomendações de macronutrientes determinadas cientificamente continuam a reprovar o aumento do consumo de proteína por caloria, mesmo considerando a prática de qualquer tipo de actividade física.4,5,6 Pelo contrário, a redução de proteína e o aumento concomitante de hidrato de carbono melhora a performance aeróbica e anaeróbica.7
CONSUMIR PROTEÍNA ANIMAL É NOCIVO
A proteína animal, incluindo a que compõe principalmente os suplementos – a do soro do leite e a caseína – além de não criar benefícios de performance, está associada ao desenvolvimento de um vasto número de doenças degenerativas, em particular de cancro.8,9,10 Essa problemática é compactada pela ausência de uma matriz de nutrientes completa e uma sobrecarga de aditivos tóxicos que frequentemente compõem esse tipo de produtos.11,12
A SOLUÇÃO: UMA DIETA SAUDÁVEL
Portanto, seja qual for o tipo de desporto, o atleta deve depender de alimentos com composições nutricionais para as quais está biologicamente adaptado, tais como frutas, cereais integrais, tubérculos, leguminosas (feijões, ervilhas e lentilhas) e outros vegetais, que naturalmente aportam toda a proteína necessária quando consumidos em quantidade calórica suficiente – um requisito fundamental da nutrição desportiva. Não é necessário consumir mais proteína por caloria, mas sim mais calorias de alimentos saudáveis, que automaticamente aumentam a ingestão proteica de uma forma adequada e segura.
12 – Consumer Reports magazine: July 2010 Alert: Protein Drinks.