O consumo elevado de aminoácidos pode ser um factor de risco tão grave para as doenças degenerativas ocidentais como o consumo de gordura.1
Uma vez que a insensatez da preocupação com a sub-disponibilidade de proteína está estabelecida para lá de qualquer dúvida razoável, põe-se o verdadeiro problema do consumo proteico: o excesso. Os alimentos de origem vegetal tendem a providenciar uma concentração de proteína fisiologicamente adequada, o que implica que consumos liberais fornecem competentemente os requisitos proteicos sem introduzir excessos. Por outro lado, o consumo de produtos de origem animal – naturalmente com uma elevada concentração proteica – proporciona sobrecargas cujas consequências incluem aumento de doença cardiovascular, cancro, desordens renais, hepáticas, ósseas, etc..2
(3,4) Umas meras 279 calorias de frango – aproximadamente um peito – providenciam proteína suficiente para um homem com um requisito calórico de 3000 calorias. Cumulativamente com a proteína proveniente das restantes 2721 calorias de alimentos que ainda necessita de ingerir, irá ser produzido um enorme excesso.
PROTEÍNA ANIMAL E ACIDOSE
O PH do organismo é ligeiramente alcalino e não pode sofrer flutuações significativas. No entanto, a proteína é constituída por aminoácidos, ou seja, por componentes com propriedades naturalmente ácidas. Uma das razões a favor da superioridade da proteína vegetal é a de que, além de ser fornecida em quantidades fisiologicamente adequadas, tende a providenciar níveis mais baixos dos aminoácidos com um potencial elevado de acidez, tais como a metionina, cujo átomo central é o enxofre, que é convertido no organismo em ácido sulfúrico.5 O conteúdo de metionina é 2 a 5 vezes superior em carne e ovos do que em cereais e feijões.6 Foi demonstrado que a restrição de metionina dietética favorece o metabolismo, o perfil de lípidos, o stress oxidativo e a redução de gordura.7 Além disso, a acidose induzida por consumos de proteína animal apresenta outras problemáticas preocupantes.
(3,8) Consumir carne, lacticínios e ovos fornece uma marcada carga ácida ao organismo.
ACIDOSE, METIONINA E CANCRO
Ao contrário das células normais, as células cancerígenas têm uma necessidade absoluta por metionina. Uma dieta rica em proteína animal proporciona um ingrediente fundamental para o desenvolvimento cancerígeno. Em contrapartida, foi demonstrado que a restrição dietética de metionina causa a regressão de uma variedade de tumores.9
ACIDOSE E OSTEOPOROSE
Uma introdução exagerada de ácidos, resultante do consumo excessivo de proteína, diminui sucessivamente as reservas de bases alcalinas utilizadas para neutralizar a acidez e manter a estabilidade do PH no organismo. É generalizadamente aceite que o carbonato de cálcio existente no esqueleto representa, pelo menos em parte, uma fonte primordial de bases para proceder a essa colmatação. As células ósseas respondem a pequenas mudanças no PH do meio onde crescem e uma ligeira queda no PH provoca um aumento na dissolução óssea.10 Uma dieta rica em proteína animal provoca uma subida média de 88% no cálcio urinário,11 e a incapacidade de compensar a resposta calciúrica é um factor de risco para o desenvolvimento de osteoporose.12
ACIDOSE, DOENÇA CARDIOVASCULAR
E DIABETES
A carga dietética ácida pode ser um factor importante para prever anormalidades metabólicas, hipertensão e risco cardiovascular.13 Dietas ricas em proteína animal são aterogénicas, independentemente dos consumos associados de gordura saturada e colesterol.14 Além disso, mesmo um grau muito suave de acidose induz resistência à acção da insulina e favorece a diabetes.15
ACIDOSE E PEDRAS RENAIS
O consumo de proteína animal é um factor de risco importante para o desenvolvimento de pedras renais.16 Em resposta à acidez – que aumenta com a idade devido à degradação da função renal – os rins implementam mecanismos compensadores destinados a restaurar o equilíbrio de ácido-base, que incluem redução do PH da urina, hipocitratúria e hipercalciúria, respostas essas que proporcionam a formação de pedras.17
Consumir proteína animal aumenta o risco de sofrer das dores excruciantes que as pedras renais proporcionam.
ACIDOSE E DEGENERAÇÃO MUSCULAR
A degeneração muscular pode ser uma adaptação induzida pela acidose. A perda de músculo permite libertar glutamina, que é usada pelos rins para sintetizar amónia – que é alcalina – destinada a neutralizar a acidez. O consumo mais elevado de alimentos ricos em potássio, tais como frutos e vegetais, favorece a preservação da massa muscular, ao aliviar a acidose metabólica que ocorre com o consumo da dieta omnívora.18
A SOLUÇÃO PARA A ACIDOSE
Os vegetarianos possuem um risco inferior ao dos omnívoros de desenvolver desordens relacionadas com a acidose.19 Foram registados valores médios de carga renal alcalina de 10.9 para os vegetarianos em comparação a uma carga renal ácida de 13.8 para os omnívoros. Há boas razões para corresponder às necessidades proteicas preferencialmente com fontes vegetais, uma vez que a proteína das plantas está usualmente acompanhada por muito mais potássio em comparação à proteína animal, o que impede a acidose.20
O grupo das leguminosas – que inclui os feijões, o grão de bico, as favas e as lentilhas – providencia uma percentagem elevada de proteína sem os riscos associados às fontes animais.
2 – Delimaris I. Adverse Effects Associated with Protein Intake above the Recommended Dietary Allowance for Adults. ISRN Nutr. 2013 Jul 18;2013:126929.
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