O aumento do consumo de proteína em relação ao hidrato de carbono – não o consumo calórico – está fortemente associado com o envelhecimento.1
PROTEÍNA ANIMAL E CANCRO
Uma dieta rica em proteína animal quadruplica o risco de cancro – um aumento equivalente ao de fumar – e aumenta drasticamente a mortalidade, o que não se verifica se as proteínas forem derivadas de plantas.2 A relação entre a proteína e a carcinogénese é tão linear que é possível ligar e desligar o desenvolvimento de tumores, tanto no estado inicial como no tardio, apenas ao controlar o conteúdo proteico. Dietas com mais de 10% de proteína animal – em particular de caseína, a principal proteína do leite – favorecem grandemente a activação do carcinógeno e o crescimento de tumores, enquanto dietas com apenas 5% de proteína animal ou com proteína vegetal – mesmo se mais de 20% – reprimem o seu desenvolvimento.3
A proteína animal sobre-activa a via metabólica mTOR (Mammalian Target of Rapamycin) que é responsável pela promoção do crescimento e proliferação celular e supressão da autofagia.4 Essa condição é extremamente favorecedora da iniciação e desenvolvimento cancerígeno, e está relacionada diversos tipos de cancro.5 Além disso, a proteína animal é o principal estimulador da produção de IGF-1, (Insulin Like Growth Factor 1) – uma hormona que controla o crescimento e o desenvolvimento celular.6 Uma vez que as células malignas possuem grandes concentrações de receptores de IGF-1, quando os seus níveis se encontram anormalmente elevados, todos os processos da carcinogénese são acelerados.7 Supõe-se que seja essa uma das principais razões pela epidemia moderna de cancros.8,9,10,11 Um estudo determinou que as concentrações médias de IGF-1 são 13% mais baixas e as proteínas que se ligam ao IGF-1 20 a 40% mais elevadas em mulheres vegetarianas em relação a comedoras de carne e a lacto-ovo-vegetarianas.12 Homens com consumos elevados de proteína têm níveis médios de IGF-1 sanguíneo 25% superiores comparativamente aos com os consumos mais baixos.13
Optar por fontes de proteína animal aumenta drasticamente as hipóteses de desenvolver cancro. Cancro da mama – esquerda; operação ao cancro da próstata – direita.
PROTEÍNA ANIMAL
E DOENÇA RENAL E HEPÁTICA
Enquanto a gordura consumida pode ser depositada como massa adiposa e o hidrato de carbono como glicogénio, a proteína não é retida em quantidades significativas no organismo. Portanto, necessita de ser metabolizada e excretada pelos rins e fígado. Uma vez que o metabolismo da proteína envolve a produção de ureia no fígado, que posteriormente circula até aos rins para excreção, quando são consumidas quantidades elevadas de proteína é produzida toxicidade por excesso de ureia, que implica uma sobrecarga potencialmente danosa para os órgãos envolvidos na sua excreção. Por essa razão, dietas ricas em proteína animal aceleram a progressão de doença renal.14 Pelo contrário, as proteínas de origem vegetal são fornecidas numa quantidade e perfil adequado, o que favorece a saúde orgânica.15,16
Fontes de proteína animal sobrecarregam os rins e o fígado.
PROTEÍNA ANIMAL E OBESIDADE
A noção equivocada que leva a maior parte da população a considerar a proteína como o nutriente ideal para a manutenção e atingimento de um peso corporal saudável, é a de que os excessos proteicos não conduzem ao ganho de peso. Além do facto generalizadamente desconhecido de que as reconhecidas fontes de proteína são fontes primordiais de gordura – o nutriente da obesidade – acontece que o consumo proteico acima das modestas necessidades do organismo também resulta na sua conversão em glucose e gordura.17 Há inclusivamente aminoácidos – conhecidos como cetogenicos – que são exclusivamente convertidos em gordura.18
Outra noção totalmente ignorada é a de que a proteína é o macronutriente mais poderoso em termos da indução de secreção de insulina – a hormona anabólica responsável pela deposição de gordura corporal e impedimento da sua oxidação – o que adensa o potencial obesogénico de dietas ricas em proteína. Basta aumentar diariamente a ingestão de proteína em 32 gramas para causar uma produção geral de insulina claramente mais elevada durante o dia.19 O consumo de produtos de origem animal aumenta a insulina mais do que quaisquer outros alimentos: aproximadamente 100 gramas de bife aumentam a insulina tanto como 100 gramas de açúcar refinado. O equivalente a um simples hambúrguer ou três fatias de queijo aumentam a insulina mais do que duas porções de massa.20 O peixe e os ovos também proporcionam respostas de insulina superiores às de muitos alimentos ricos em hidratos de carbono.21
Em comparação à proteína animal, a proteína vegetal provoca uma secreção maior de glucagon – a hormona antagonizante da insulina – que melhora a oxidação de gordura. Reduções dos níveis de insulina e aumento dos níveis de glucagon são uma das razões responsáveis pela perda de peso espontânea verificada em dietas desprovidas de produtos animais.22
Considerar que o problema está no pão é uma loucura nutricional.
PROTEÍNA ANIMAL E REACÇÕES IMUNITÁRIAS
O sistema imunitário detecta e destrói as proteínas estranhas ao organismo, portanto, quando fragmentos de proteína animal são absorvidos, podem despoletar ataques que conduzem ao comprometimento da integridade de proteínas similares do organismo – o que origina doenças autoimunes como a artrite ou a diabetes tipo 1.23 Depois de uma refeição rica em proteína produzem-se alterações relevantes destinadas a suportar a defesa imunitária – tais como migração de defesas para tecidos abdominais, com aumento dos glóbulos brancos e plaquetas durante mais de 2.5 horas.24 Por outro lado, as proteínas de origem vegetal são generalizadamente seguras, devido à sua dissemelhança e neutralidade.
PROTEÍNA ANIMAL E STRESS
Uma dieta rica em proteína animal aumenta marcadamente a concentração plasmática de diversas hormonas, entre as quais a de cortisol. Essas hormonas participam num conjunto de respostas a condições de stress que envolvem a subida da pressão arterial – um dos principais factores de risco para a mortalidade prematura. As concentrações de cortisol sobem 5.4% com cada refeição de carne ou peixe consumida por dia e baixam 3.3% por cada porção de matéria verde consumida por semana.25 O consumo materno de uma dieta rica em proteína e baixa em hidrato de carbono no final da gravidez pode programar o feto para uma hipersecreção vitalícia de cortisol e aumentar a pressão sanguínea em adulto.26 Níveis elevados de cortisol também estão relacionados com o ganho de peso corporal.27,28
PROTEÍNA ANIMAL E LONGEVIDADE
O consumo de proteína animal é um restritor principal da longevidade humana precisamente por activar a via metabólica mTOR e promover níveis elevados de IGF-1, que, ao incitarem a divisão celular e o crescimento, aceleram marcadamente a senescência.1 Uma análise compreensiva revelou que os benefícios tradicionalmente imputados à restrição calórica para a extensão da longevidade são devidos à restrição proteica.29,30 Também foi demonstrado que mudanças de estilo de vida que incluem a adopção de uma dieta desprovida de proteína animal aumentam o comprimento dos telómeros – indicadores cruciais da longevidade.31 No entanto, para restringir proteína não é necessário restringir calorias: ao optar por alimentos de origem vegetal, a proteína é fornecida de uma forma fisiologicamente adequada.
“Sou especialista em medicina anti-envelhecimento… o pequeno-almoço deve ser proteinado… muitas proteínas… 60 a 70% do pequeno-almoço deve ser proteína… pode comer um bife ao pequeno-almoço de frango… ovos é óptimo… é um alimento super saudável…”
CONCLUSÃO:
PLANTAS – PROTEÍNA IDEAL
As plantas, além de fornecerem toda a proteína necessária para os requisitos humanos, disponibilizam uma quantidade inferior de aminoácidos responsáveis pela acidose – relacionável com o desenvolvimento de doença cardiovascular, diabetes e osteoporose – impedem a sobre-activação de mTOR e reduzem os níveis de IGF-1 – o que diminui significativamente o risco de cancro, inflamação e envelhecimento prematuro – previnem o desgaste renal e hepático, reduzem os níveis de insulina e estimulam a produção de glucagon – o que regula negativamente a deposição adiposa, promove níveis saudáveis de colesterol, etc..11
Plantas: fontes ideais de proteína.
Apresentem estudos e informações completas e não apenas o que querem. Todos sabemos que o problema está na proteina barata ( fast food. Salchishas, enlatados, pré cozinhados). Se o mal fosse da proteina animal, como seria possivel o homem ter chegado até aos dias de hoje sem medicamentos para o colestrol, obesidade, cancros. Sejam sérios, o radicalismo nunca trás nada de bom. queres ser saudavel? Come um pouco de tudo.
Eu vejo pelo menos 31 estudos apresentados neste artigo… você não? Aqui está uma síntese do que diversos estudos confirmaram, e o autor deste artigo fez o favor de deixar acessível a todos as fontes científicas, para que todos possam estudá-las pessoalmente. O seu queixume não faz sentido.
A primeira das três etapas da confrontação com a verdade está correctamente representada nos devaneios emocionais do Pedro Simões.
Há sempre resistência à mudança David. E as pessoas acreditam sempre que lhes estamos a impingir alguma coisa, pois é o que se tem vindo a repetir nestes anos com as ‘ necessidades humanas’ – que muitas, nada mais são do que necessidades criadas em prol de indústrias prevalecerem. Obrigada pela informação que deixas aqui, espero q não mude radicalmente ninguém, mas que ilucide toda gente.
Basta ter consciência. Acordem.
Obrigada pelos excelentes artigos, escritos com linguagem acessível e com intenção séria e neutra!
É raro ver-se alguém com coragem para desmascarar uma classe de gente minada por interesses obscuros. Parabéns pela coragem!
Eu é que agradeço a consideração e o interesse. Tudo de bom! 🙂