Ténia
Os humanos hospedam mais de 350 espécies de parasitas, sendo uma parte significativa oriunda da domesticação e consumo de animais.1 A infecção é responsável por doenças sérias, prevalentes e aterrorizadoras, e reforça a noção da perigosidade inerente à dieta omnívora.
TÉNIA – NEUROCISTICERCOSE
A contaminação parasitária mais frequente em humanos é causada pela ténia.2 As larvas – conhecidas como cisticercos – podem migrar por todo o corpo, e criam cavidades onde os seus corpos crescem de dois a sete metros de comprimento, durante cerca de 25 anos. Em ressonâncias magnéticas vêem-se os buracos dos vermes, tipo crateras.3 Quando atingem o sistema nervoso central produzem uma condição conhecida como neurocisticercose, que é a causa mais comum de epilepsia adquirida mundialmente.4 A maioria dos indivíduos infectados demonstra sinais de doença psiquiátrica, em particular de depressão e psicose.5 A carne de suínos e de bovinos encontra-se universalmente contaminada – 95% – e o seu consumo é a principal fonte de infecção.6
As larvas da ténia, adquiridas principalmente pelo consumo de carne, podem migrar pelo corpo e invadir violentamente o cérebro.
TRIQUINELA – TRIQUINOSE
À semelhança da ténia, a infecção por triquinela é adquirida através da ingestão de carne que contém a larva encistada. Um ciclo de vida completo desenvolve-se num único hospedeiro, a partir de vermes adultos no intestino, que produzem larvas recém-nascidas migratórias que se encistam nos órgãos. Afecções imunológicas, musculares, oculares, diarreia e febre são os principais sintomas, que se podem estender até danos no sistema nervoso central e obstrução vascular resultante da migração larval.7 A omissão das enormes taxas de infecção suína por parte das agências regulatórias permite que, mundialmente, milhões de pessoas contraiam a triquinose.8
O cenário dantesco das consequências de consumir animais.
LOMBRIGAS – ASCARIDÍASE
A infecção com lombrigas, que afecta mais de um bilião de pessoas, ocorre principalmente a partir do consumo de carne ou de alimentos contaminados com os ovos do parasita, o que proporciona a sua eclosão no intestino. Os vermes não atingem a fase adulta imediatamente: primeiro migram pelo corpo, até aos pulmões, por onde são expelidos e engolidos, para atingir novamente os intestinos.1 A enorme prevalência de contaminação dos animais de consumo, e a utilização das suas fezes como adubo, garante que se mantenham as elevadas taxas de contaminação.9,10
As lombrigas podem causar obstrução intestinal completa, e chegam a emergir pelo nariz e boca.
TOXOPLASMA – TOXOPLASMOSE
Uma das principais fontes de contaminação por toxoplasmose consiste no consumo e manuseamento de carne – uma vez que o parasita é absorvível através da pele. Na maior parte dos casos, o sistema imunitário conseguir impedir os sintomas, no entanto, mulheres infectadas durante a gravidez e qualquer pessoa com um sistema imunitário comprometido podem sofrer consequências severas.11 O parasita infecta preferencialmente o cérebro, e provoca desde alterações desfavoráveis na personalidade a esquizofrenia e afecções motoras.12,13 Esse perfil de efeitos é particularmente interessante, tendo em consideração a evidência que demonstra que a toxoplasmose aumenta os comportamentos de risco em ratos, o que os torna em presas mais fáceis, e permite que o parasita atinja o organismo dos gatos, o seu hospedeiro definitivo.14 Uma análise de amostras de carne de supermercado demonstrou que perto de 40% estão infectadas.15
Defeitos de nascimento e lesões oculares são outras das potenciais consequências da infecção por toxoplasmose.
ANISAKIS – ANISAKIOSE
Sushi e peixe fresco: veículos ideais para a contaminação larval.
O consumo de animais é o denominador comum do círculo vicioso que perpetua algumas das principais infecções parasitárias em humanos.
17 – Rodríguez-Mahillo AI, González-Muñoz M, de las Heras C, Tejada M, Moneo I. Quantification of Anisakis simplex allergens in fresh, long-term frozen, and cooked fish muscle. Foodborne Pathog Dis. 2010 Aug;7(8):967-73.
Excelente artigo!
Parabéns
Olá, Caty. Obrigado! 😉