“A negligência deste trabalho importante pela comunidade médica em geral está perto de inconsciente.” McCarty1
A CAUSA DA DIABETES:
GORDURA OU HIDRATOS DE CARBONO?
A diabetes tipo 2 é caracterizada por níveis elevados de açúcar sanguíneo, apesar de haver, frequentemente, uma produção competente de insulina – a hormona permite a metabolização do açúcar. Tradicionalmente, a comunidade dietética e médica encaram a caracterização de açúcar sanguíneo elevado como um indicativo de que a condição é proporcionada pelo consumo elevado de hidratos de carbono, e cingem os doentes a bases calóricas de gordura e proteína animal. Dessa posição, a literatura científica discorda radicalmente: a terapia mais poderosa no tratamento da diabetes consiste na adopção de uma dieta desprovida de produtos de origem animal, baixa em gordura e rica em hidratos de carbono não processados, com a qual é frequentemente possível eliminar a diabetes.2,3 Dietas vegetarianas com cerca de 80% de calorias provenientes de hidratos de carbono são altamente eficazes no controlo glicémico e proporcionam quebras dramáticas na necessidade de insulina e medicação em períodos tão curtos como 3 semanas.4,5,6
(7) Níveis de açúcar sanguíneo na Dieta A – rica em gordura – azeite, manteiga, gemas de ovos. Dieta B – rica em proteína – carne magra, claras de ovos. Dieta C – rica em hidratos de carbono – açúcar, pão branco, batatas. Estes factos já são conhecidos há um século.
Por outro lado, o consumo de calorias de origem animal é um indicador de incidências elevadas de diabetes,8 razão pela qual, de todos os grupos dietéticos, são os vegetarianos que possuem as taxas de incidência mais reduzidas e os omnívoros as mais elevadas.9, 10,11 Indivíduos que consomem dietas ricas em proteína e pobres em hidratos de carbono possuem um risco 73 vezes superior de morrer de diabetes.12 Isso porque as explicações mais relevantes para o desenvolvimento da doença relacionam-se intimamente com o consumo de produtos de origem animal:
- A gordura dietética, em particular, a saturada – que se encontra principalmente na carne, peixe, lacticínios e ovos – deposita-se no interior das células e prejudica a circulação sanguínea, o que compromete a acção da insulina. Isso produz uma condição conhecida como Resistência à Insulina, caracterizada pela incapacidade de metabolizar açúcar.13,14 A insulina é como uma “chave” que permite que o açúcar seja absorvido, e o excesso de gordura impede que a insulina exerça a sua função competentemente, o que conduz a níveis de açúcar anormalmente elevados.15,16 Por sua vez, o consumo de hidratos de carbono, mesmo se refinados, aumenta a sensibilidade à insulina e reduz os níveis de glucose sanguínea em jejum.17,18,19 Por essas razões, dietas ricas em hidratos de carbono e a substituição de gordura saturada por hidratos de carbono e gordura vegetal melhoram todos os aspectos do controlo diabético, o que revela a total inadequação das prescrições dietéticas convencionais.20,21,22
- A gordura saturada é tóxica para as células pancreáticas, o que compromete a secreção de insulina e contribui para o desenvolvimento de diabetes.23,24
- Diversos outros agentes característicos dos produtos de origem animal foram implicados no aumento do risco de diabetes, de entre os quais as gorduras trans, o colesterol, a proteína animal, o ferro heme, os nitritos, as nitrosaminas e as glicotoxinas.25
A gordura dentro da célula – lípidos intramiocelulares – corrompem o metabolismo da glucose e são uma das explicações mecanísticas mais sólidas para o desenvolvimento de diabetes.
SOLUÇÃO: MEDICINA OU NUTRIÇÃO?
A consequência dos aconselhamentos que cingem os doentes a fontes calóricas de gordura e proteína animal, é de que os diabéticos morrem mais cedo, não só das consequências da diabetes, mas também de enfartes cardíacos e problemas renais.25 A medicina também prescreve medicamentos e insulina que tendem a aumentar a mortalidade, a doença cardiovascular, o risco de morte súbita e o ganho de peso.26,27,28 Além disso, a medicina considera que não há um tratamento eficaz para a neuropatia diabética (danos nos nervos), e usa drogas psicotrópicas, tais como os antidepressivos, como um componente no tratamento de síndromas de dor crónica.29 Apesar disso, uma reportagem clínica indica que uma dieta vegetariana não processada, em conjunto com caminhadas diárias, conduz à rápida remissão da dor na maioria dos diabéticos, com taxas elevadas de aderência e continuidade de melhorias.30 A abordagem nutricional também reduz o rico de outras grandes complicações da diabetes – retinopatia, nefropatia e doença cardíaca – independentemente da sua tendência para melhorar o controlo glicémico.1,31

(32) Retinopatia diabética curada com dieta de fruta e arroz. De quase cego para visão normal. Nenhum tratamento médico possui essa capacidade.
Os danos nos nervos e vasos sanguíneos que caracterizam a diabetes tornam a doença na principal causa de amputações e cegueira. Infelizmente, os tratamentos realmente eficazes permanecem inutilizados.
DIABETES E FRUTA
Os médicos e os nutricionistas receiam que o consumo de fruta impacte negativamente o controlo glicémico em diabéticos e, como tal, promovem a sua restrição. Porém, essas recomendações não têm qualquer impacto favorável em marcadores de diabetes, na perda de peso ou no perímetro abdominal, além de diminuírem o consumo de vitaminas, minerais e fitoquímicos.22 De facto, a frutose pode beneficiar o controlo glicémico, marcadores diabéticos – HbA1c – e a glucose em jejum, sem representar quaisquer efeitos adversos.23 O consumo de frutos baixos em índice glicémico está associado a menos HbA1c, pressão sanguínea e risco de doença coronária, o que indica o seu valor no controlo da diabetes tipo 2.24 Até as tâmaras, um dos frutos com maior concentração de açúcar, demonstram um baixo nível glicémico, e seu consumo por diabéticos não resulta em excursões de glucose preocupantes.25
Alimentos naturalmente ricos em açúcar são proveitosos no tratamento da diabetes, principalmente no contexto de uma dieta baixa em gordura.
A American Diabetes Association está ciente dos vários benefícios da dieta vegetariana rica em hidratos de carbono no tratamento da diabetes.
1 – McCarty MF. Favorable impact of a vegan diet with exercise on hemorheology: implications for control of diabetic neuropathy. Med Hypotheses. 2002 Jun;58(6):476-86.
2 – I. M. Rabinowitch. Effects of the High Carbohydrate-Low Calorie Diet Upon Carbohydrate Tolerance in Diabetes Mellitus. Can Med Assoc J. 1935 Aug; 33(2): 136–144.
3 – Anderson JW, Ward K. High-carbohydrate, high-fiber diets for insulin-treated men with diabetes mellitus. Am J Clin Nutr. 1979 Nov;32(11):2312-21.
4 – Barnard ND, Cohen J, Jenkins DJ, Turner-McGrievy G, Gloede L, Jaster B, Seidl K, Green AA, Talpers S.A low-fat vegan diet improves glycemic control and cardiovascular risk factors in a randomized clinical trial in individuals with type 2 diabetes. Diabetes Care. 2006 Aug;29(8):1777-83.
5 – Kiehm TG, Anderson JW, Ward K. Beneficial effects of a high carbohydrate, high fiber diet on hyperglycemic diabetic men. Am J Clin Nutr. 1976 Aug;29(8):895-9.
6 – Jenkins DJ, Kendall CW, Marchie A, Jenkins AL, Augustin LS, Ludwig DS, Barnard ND, Anderson JW. Type 2 diabetes and the vegetarian diet. Am J Clin Nutr. 2003 Sep;78(3 Suppl):610S-616S.
7 – J. Shirley Sweeney. Dietary Factors that Influence the Dextrose Tolerance Test. A Preliminary Study. Arch Intern Med (Chic). 1927;40(6):818-830.
8 – N K Fukagawa, J W Anderson, G Hageman, V R Young, K L Minaker. High-carbohydrate, high-fiber diets increase peripheral insulin sensitivity in healthy young and old adults. Am J Clin Nutr September 1990 vol 52 no 3 524-528.
9 – Tonstad S, Butler T, Yan R, Fraser GE. Type of vegetarian diet, body weight, and prevalence of type 2 diabetes. Diabetes Care. 2009 May;32(5):791-6.
10 – Hung CJ, Huang PC, Li YH, Lu SC, Ho LT, Chou HF. Taiwanese vegetarians have higher insulin sensitivity than omnivores. Br J Nutr. 2006 Jan;95(1):129-35.
11 – Gojda J, Patková J, Jaček M, Potočková J, Trnka J, Kraml P, Anděl M. Higher insulin sensitivity in vegans is not associated with higher mitochondrial density. Eur J Clin Nutr. 2013 Dec;67(12):1310-5.
12 – Morgan E. Levine11, Jorge A. Suarez11, Sebastian Brandhorst, Priya Balasubramanian. Low Protein Intake Is Associated with a Major Reduction in IGF-1, Cancer, and Overall Mortality in the 65 and Younger but Not Older Population. Cell Metabolism Volume 19, Issue 3, p407–417, 4 March 2014
13 – Tucker LA, LeCheminant JD, Bailey BW. Meat Intake and Insulin Resistance in Women without Type 2 Diabetes. J Diabetes Res. 2015;2015:174742.
14 – Fretts AM et al. Consumption of meat is associated with higher fasting glucose and insulin concentrations regardless of glucose and insulin genetic risk scores: a meta-analysis of 50,345 Caucasians. Am J Clin Nutr. 2015 Nov;102(5):1266-78.
15 – Riccardi G, Giacco R, Rivellese AA. Dietary fat, insulin sensitivity and the metabolic syndrome. Clin Nutr. 2004 Aug;23(4):447-56.
16 – Kennedy A, Martinez K, Chuang CC, LaPoint K, McIntosh M. Saturated fatty acid-mediated inflammation and insulin resistance in adipose tissue: mechanisms of action and implications. J Nutr. 2009 Jan;139(1):1-4.
17 – John D. Brunzell et al. Improved Glucose Tolerance with High Carbohydrate Feeding in Mild Diabetes. N Engl J Med 1971; 284:521-524
18 – Bessesen DH. The role of carbohydrates in insulin resistance. J Nutr. 2001 Oct;131(10):2782S-2786S.
19 – Daly M. Sugars, insulin sensitivity, and the postprandial state. Am J Clin Nutr. 2003 Oct;78(4):865S-872S.
20 – H.C.R Simpson, S Lousley, M Geekie, R.W Simpson, R.D Carter. A High Carbohydrate Leguminous Fiber Diet Improves All Aspects of Diabetic Control. The Lancet, Volume 317, Issue 8210, 3 January 1981, Pages 1–5 Originally published as Volume 1, Issue 8210
21 – Gabriella Aru, Francesco Cucca, Sergio Muntoni. Nutritional factors and worldwide incidence of childhood type 1 diabetes. Am J Clin Nutr June 2000 vol. 71 no. 6 1525-1529
22 – Pérez-Jiménez F, López-Miranda J, Pinillos MD, Gómez P, Paz-Rojas E. A Mediterranean and a high-carbohydrate diet improve glucose metabolism in healthy young persons. Diabetologia. 2001 Nov;44(11):2038-43.
23 – Rohit B. Sharma, Laura C. Alonso. Lipotoxicity in the Pancreatic Beta Cell: Not Just Survival and Function, but Proliferation as Well? Curr Diab Rep. 2014 Jun; 14(6): 492.
24 – Haopeng Yang, Xuejun Li. The role of fatty acid metabolism and lipotoxicity in pancreatic β-cell injury: Identification of potential therapeutic targets. Acta Pharmaceutica Sinica B. Volume 2, Issue 4, August 2012, Pages 396–402
25 – Feskens EJ, Sluik D, van Woudenbergh GJ. Meat consumption, diabetes, and its complications. Curr Diab Rep. 2013 Apr;13(2):298-306.
26 – Gustafsson I, Hildebrandt P, Seibaek M, Melchior T, Torp-Pedersen C, Køber L. Long-term prognosis of diabetic patients with myocardial infarction: relation to antidiabetic treatment regimen. The TRACE Study Group. Eur Heart J. 2000 Dec;21(23):1937-43.
27 – Abraira C, Colwell J, Nuttall F, Sawin CT, Henderson W, Comstock JP. Cardiovascular events and correlates in the Veterans Affairs Diabetes Feasibility Trial. Veterans Affairs Cooperative Study on Glycemic Control and Complications in Type II Diabetes. Arch Intern Med. 1997 Jan 27;157(2):181-8.
28 – Gerstein HC, Miller ME, Byington RP, Goff DC Jr, Bigger JT, Buse JB. Effects of intensive glucose lowering in type 2 diabetes. N Engl J Med. 2008 Jun 12;358(24):2545-59.
29 – Ziegler D. Painful diabetic neuropathy: treatment and future aspects. Diabetes Metab Res Rev. 2008 May-Jun;24 Suppl 1:S52-7.
30 – Milton G. Crane, Clyde Sample. Regression of Diabetic Neuropathy with Total Vegetarian (Vegan) Diet. Journal of Nutritional and Environmental Medicine.1994, Vol. 4, No. 4 , Pages 431-439.
31 – Claudia De Natale, MD, PHD, Giovanni Annuzzi, MD, Lutgarda Bozzetto. Effects of a Plant-Based High-Carbohydrate/High-Fiber Diet Versus High–Monounsaturated Fat/Low-Carbohydrate Diet on Postprandial Lipids in Type 2 Diabetic Patients. Diabetes Care. December 2009 vol. 32 no. 12 2168-2173
32 – Kempner W, Peschel RL, Schlayer C. Effect of rice diet on diabetes mellitus associated with vascular disease. Postgrad Med. 1958;24:359-371.
33 – Christensen AS, Viggers L, Hasselström K, Gregersen S. Effect of fruit restriction on glycemic control in patients with type 2 diabetes–a randomized trial. Nutr J. 2013 Mar 5;12:29.
34 – Sievenpiper JL, Chiavaroli L, de Souza RJ, Mirrahimi A, Cozma AI, Ha V. ‘Catalytic’ doses of fructose may benefit glycaemic control without harming cardiometabolic risk factors: a small meta-analysis of randomised controlled feeding trials. Br J Nutr. 2012 Aug;108(3):418-23.
35 – D. J. A. Jenkins, K. Srichaikul, C. W. C. Kendall, J. L. Sievenpiper, C. Meneses. The relation of low glycaemic index fruit consumption to glycaemic control and risk factors for coronary heart disease in type 2 diabetes. Diabetologia. February 2011, Volume 54, Issue 2, pp 271-279.
36 – Alkaabi JM, Al-Dabbagh B, Ahmad S, Saadi HF, Gariballa S, Ghazali MA. Glycemic indices of five varieties of dates in healthy and diabetic subjects. Nutr J. 2011 May 28;10:59.
O artigo Dietary Factors that Influence the Dextrose Tolerance Test pode ser disponibilizado pelo portal para fins de pesquisa?