A impotência é, na vasta maioria dos casos, provocada pelo comprometimento do fornecimento de sangue ao pénis, em consequência da aterosclerose.1 Por essa razão, indivíduos com disfunção eréctil têm uma incidência de doença cardiovascular 50 vezes superior.2 No entanto, a disfunção tende a manifestar-se antecipadamente por duas razões principais: a primeira deve-se ao diâmetro inferior das artérias que irrigam o pénis em relação às que irrigam o coração, o que as torna mais facilmente obstruíveis; a segunda, porque as artérias que irrigam o pénis dilatam cerca de 80% comparativamente com 15% na maior parte das outras artérias, o que as torna particularmente dependentes da função do endotélio e do óxido nítrico – respectivamente, uma membrana que reveste internamente os vasos sanguíneos e permite a circulação do sangue e uma substância crucial na sinalização do relaxamento que permite a dilatação – ambos são afectados evidentemente em estados iniciais de doença vascular.3 Apesar da noção de que em pacientes com menos de 40 anos a impotência possui uma origem psicológica, há, de facto, uma causa vascular subjacente, o que indica que jovens com disfunção eréctil devem ser tratados como doentes cardíacos, mesmo na ausência de outros sintomas.4,5
O uso de stents para contrariar a constrição vascular é um tratamento cirúrgico para a disfunção eréctil.
Por conseguinte, o consumo de produtos de origem animal é um investimento na incapacidade de desempenho sexual. O conteúdo de gordura saturada e de colesterol na carne, lacticínios e ovos, faz subir os níveis de colesterol de baixa densidade que se agrega às paredes dos vasos sanguíneos e provoca placa aterosclerótica.6,7,8,9,10 Além disso, consumir uma única refeição rica em gordura prejudica a função do endotélio e reduz marcadamente os níveis de óxido nítrico, o que provoca perdas significativas de estabilidade vascular.11,12 De facto, basta consumir 50 gramas de gordura animal para reduzir em cerca de 50% a capacidade dilatória dos vasos sanguíneos.12,13
Um estudo que ambicionava analisar os efeitos cardiovasculares do consumo de uma dieta rica em hidratos de carbono e pobre em gordura saturada, deparou-se com um número de participantes que decidiram adoptar uma dieta rica em proteína e gordura animal com o intuito de perder peso. Esses participantes acreditavam que iam melhorar a sua saúde no geral. Os resultados no grupo da dieta saudável demonstraram uma redução de todas as variáveis estudadas, com regressão tanto na extensão como na severidade da doença da artéria coronária – a recuperação de um miocárdio viável deu-se em quase 50% dos casos. Por sua vez, os indivíduos no grupo rico em proteína mostraram uma pioria de todas as variáveis, com um aumento de 106% do colesterol, 14% dos marcadores pró-coagulatórios e 61% dos marcadores inflamatórios. O grupo na dieta saudável teve uma redução de 22.9% na extensão e de 21.8% na severidade da doença, enquanto que o grupo na dieta rica em calorias de origem animal teve um aumento de 39.7% na extensão e de 52% na severidade da doença.14
Estudos metabólicos indicam claramente que consumir uma dieta incidente em produtos animais prejudica severalmente a circulação sanguínea.
A dieta vegetariana saudável é o único tratamento alguma vez reportado na literatura científica capaz de reverter a doença cardiovascular, o que revela a sua imprescindibilidade no tratamento da disfunção eréctil.15,16 Em adição, há evidência indicativa da recuperação da função eréctil numa percentagem significativa de indivíduos instruídos a consumir uma dieta pobre em gordura saturada e rica em fibra.17,18 Expectavelmente, estudos comparativos entre vegetarianos e omnívoros de meia-idade, indicam respostas vasodilatadoras significativamente superiores nos vegetarianos, com valores de 3.3% para os omnívoros e de 13.78% para os vegetarianos, o sugere uma função sexual acrescida.19
Dietas ricas em carne e pobres em hidratos de carbono contribuem largamente para o desenvolvimento de disfunção eréctil – e cancro, diabetes e enfartes cardíacos.
8 – Hopkins PN. Effects of dietary cholesterol on serum cholesterol: a meta-analysis and review. Am J Clin Nutr. 1992 Jun;55(6):1060-70.
9 – Badimon L, Vilahur G. LDL-cholesterol versus HDL-cholesterol in the atherosclerotic plaque: inflammatory resolution versus thrombotic chaos. Ann N Y Acad Sci. 2012 Apr;1254:18-32.
19 – Lin CL, Fang TC, Gueng MK. Vascular dilatory functions of ovo-lactovegetarians compared with omnivores. Atherosclerosis. 2001 Sep;158(1):247-51.