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CLASSIFICAÇÃO DIETÉTICA E POTENCIAL DE CONSUMO – OMNIVORISMO

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Na natureza, o estabelecimento de padrões alimentares herméticos é inviável, no sentido em que, os animais consomem, de forma circunstancial ou despropositada, alimentos que não reflectem o cerne básico das suas adaptações e necessidades nutricionais – sendo, por vezes, esses comportamentos, erradamente, utilizados para alargar a abrangência da definição dietética do animal em questão.

Animais com padrões alimentares peculiares podem ser, impropriamente, inseridos no omnivorismo – um conceito demasiadamente generalista para revelar, adequadamente, a especificidade dos seus requisitos. Por distorções de natureza equivalente, seria possível comprometer a atribuição carnívora aos felídeos e a herbívora aos bovídeos: um grande predador pode consumir vegetação, tanto directamente – a partir do consumo de folhas – como indirectamente – através da ingestão do conteúdo vegetal das vísceras das presas; assim como um ruminante pode consumir insectos e pequenos animais, tanto de uma forma intencional como casual. Além disso, ambos podem subsistir com dietas artificialmente desproporcionadas, em termos do rácio de plantas/animais: a maioria das rações para gatos domésticos inclui percentagens significativas de cereais, enquanto a alimentação de ruminantes pode conter produtos de origem animal.

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É inconsequente utilizar os extremos de flexibilidade alimentar como argumento para subjectivizar as barreiras da classificação dietética, caso contrário, essas mesmas classificações (carnivorismo, omnivorismo, herbivorismo, etc..) seriam rendidas à inutilidade. Portanto, a definição dietética deve representar a classe de alimentos com a qual o animal está biologicamente coadunado para derivar a sua sustentação de uma forma natural, saudável e caloricamente substancial – o que tende a não ser atendido pelo recurso sistemático a alimentos de uma tipologia distinta.

Utilizar comportamentos de excepção, ou consequências da capacidade tecnológica, como justificação para uma dieta generalista, funciona em desfavor da compreensão dos princípios fisiológicos básicos. O grau de oscilação do omnivorismo – que pode incluir proporções elevadas de alimentos de origem vegetal e de origem animal – torna a sua atribuição ao homem apenas um devaneio utilizado para consentir a perpetuação de comportamentos dietéticos aberrantes e desprezar a evidência inabalável que indica a adequação biológica a uma dieta composta por alimentos de origem vegetal. É, nesse sentido, que a denominação herbívora é, frequentemente, aplicada ao ser humano: não pela reminiscência fonética sugerir uma predilecção por erva, e indicar uma dieta equacionável com a, bastante díspar, dieta de um ruminante, mas, para distinguir que, perante as duas grandes classes de alimentos, a vegetal e a animal, o homem está largamente adaptado para consumir a de origem vegetal, na qual se inclui um grupo extremamente diverso de opções.

veado-coelhoAnimais carnívoros podem consumir plantas e herbívoros podem consumir carne. No entanto, reclassifica-los como omnívoros ignoraria o cerne do seu comportamento e adaptações biológicas – que deve constituir a base da classificação dietética.

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