Os animais de produção estão prevalentemente contaminados com bactérias patogénicas, e o seu consumo acarreta um risco de contaminação significativo. Para tratar o problema, a indústria de produção animal tornou-se, de longe, no maior utilizador mundial de antibióticos.1,2 Os benefícios financeiros são óbvios: por um lado possibilitam escalas de produção grandes com condições decrépitas, e, por outro, actuam como fortes promotores de crescimento.3 É sobre a sociedade que os malefícios drásticos se abatem: a dependência de antibióticos torna os centros de produção animal em habitats ideais para o desenvolvimento de estirpes microbianas com um grau de resistência e virulência preocupante, que contaminam a carne e são propagadas pelo ambiente – por exemplo, através da utilização das fezes como adubo.4 Uma vez que a pecuária recorre aos mesmos tipos de antibióticos que são usados para tratar pessoas, algumas dessas bactérias são imunes a qualquer tipo de tratamento, incluindo os que são considerados de último recurso, e podem matar até metade dos doentes com quem contactam.4 Por essa razão, a indústria de produção animal é um contribuidor principal para a problemática grave da resistência microbiana, que ameaça, inclusivamente, a integridade da própria medicina.1,4 Além disso, o consumo de carne, peixe, lacticínios e ovos, proporciona ainda a contaminação por antibióticos em segunda mão, o que representa um risco de toxicidade directa, perturba o delicado microbioma intestinal e contribui para o desenvolvimento de estirpes resistentes e doenças.4,5 Os CDC (Centers for Disease Control – Centros para o Controlo de Doenças) estimam que 97% de todas as doenças infecciosas derivadas de alimentos são causadas por produtos animais.4
CONSUMO E EXPLORAÇÃO DE ANIMAIS:
Causa principal de contaminação por bactérias patogénicas.
Causa principal de desenvolvimento e propagação de bactérias resistentes.
Fonte de exposição a antibióticos em segunda mão.
Os centros de produção animal são locais ideais para o desenvolvimento e propagação de estirpes de microorganismos altamente virulentas.
CAMPYLOBACTER
Estudos de carne portuguesa indicam que cerca de 60% das amostras de carne de frango e de porco, 40% da carne de pato, 20% da carne de vaca e 15% da carne de borrego estão contaminadas com a bactéria patogénica Campylobacter.7 A percentagem de bactérias resistentes pode ser particularmente elevada, e atingir até 100% nas amostras.8 As consequências da infecção incluem desde gatroenterite e diarreia, a meningite, hepatite, artrite e síndroma de Guillain-Barré, que pode resultar em paralisia prolongada.9
As consequências da infecção por campylobacter são extensas e preocupantes.
SALMONELA
Outro microorganismo que é uma causa líder de hospitalização e morte é a salmonela.10 A incidência em amostras de frango de origem nacional é de cerca de 60%, na qual 75% das bactérias são resistentes a um ou mais antibióticos.11 Outro alimento comummente contaminado com a salmonela são os ovos, e, à semelhança da carne, nenhum método de preparação torna o seu consumo seguro. A salmonela pode ser recuperada dos dedos depois de partir ovos intactos contaminados, e os utensílios de cozinha usados para misturar os ovos contêm salmonela mesmo depois de lavados. Depois de bater os ovos, a salmonela é espalhada a mais de 40 cm da taça de mistura e pode ser recuperada 24 horas depois na superfície de trabalho.12 A salmonela sobrevive em omeletes e ovos estrelados.13
O frango e os ovos estão tão contaminados que é recomendado lavar as mãos profusamente depois de os manusear. Ainda que o processo de cozinhado não seja suficiente para eliminar seguramente as bactérias, o seu consumo é encarado com normalidade.
E. COLI
A contaminação por E. Coli também é uma causa primordial de doença em humanos, e resulta principalmente do consumo de produtos de origem animal.14 A carne portuguesa encontra-se prevalentemente infectada com elevadas percentagens de estirpes resistentes, que podem originar complicações que se estendem desde a dor de barriga severa e diarreia, até à falha renal potencialmente fatal.15,16 Contagens totais de E. Coli e outras bactérias patogénicas são significativamente inferiores nas amostras das fezes de vegetarianos em relação às de omnívoros, o que se deve não só à menor taxa de contaminação, mas também a um PH das fezes significativamente mais baixo – resultante da fermentação da fibra.17
Consumidores de dietas vegetarianas estão mais protegidos contra as ameaças alimentares, não só pela menor exposição a agentes nocivos, como também por uma defesa fisiológica mais capaz.
LISTÉRIA
Outra espécie de bactéria patogénica comum é a Listéria, que é responsável pelo desenvolvimento de listeriose. Os sintomas são similares aos de outras bactérias, mas, caso a bactéria se espalhe para lá do intestino, podem evoluir fatalmente. Estudos indicam que cerca de 70% das amostras de carne de vaca e 56% das amostras de peixe podem estar infectadas.18 Os enchidos podem ser particularmente problemáticos.19
Apesar de haver alimentos vegetais suspeitos, a origem da contaminação reside na utilização de água ou adubo proveniente dos centros de produção animal.
EM SUMA
A problemática da contaminação bacteriana revela, incontornavelmente, a insanidade das prescrições dietéticas e directrizes de prevenção convencionais. É dada prioridade à indústria e às suas escalas de produção grandes e rápidas, ao contrário da segurança dos consumidores, que, para além disso, permanecem largamente ignorantes.20
Estas não são notícias de 2017, mas sim de 2003, onde a ASAE já garantia idoneidade… Quem considera que este é um problema limitado à carne picada vive longe da realidade.
Resultado do estudo da Deco de 2017: a bolinha preta significa “mau” e 88% adicionam químicos proibidos. É essa a matéria prima das hamburguerias que pululam por todo o país.
Há dezenas de razões contundentes pelas quais os consumidores informados fazem opções vegetarianas, e uma das principais é o sabor.