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A DIETA IDEAL É EXCLUSIVAMENTE VEGETARIANA

Atendendo ao facto de que todos os nutrientes são obteníveis de fontes não animais, de que as fontes animais fornecem – em conjunto com os seus nutrientes – uma panóplia de substâncias nocivas, e de que as fontes vegetais possuem compostos protectores exclusivos, é seguro afirmar que, de todas as dietas, a totalmente vegetariana é a que possui o maior potencial de providenciar as substâncias favorecedoras da saúde, com a menor exposição a substâncias promotoras de doença. Nenhuma outra dieta consegue cumprir essa premissa de uma forma tão satisfatória. Por essa razão, um estudo que ambicionou comparar a qualidade e os componentes nutricionais da dieta vegetariana, da lacto-ovo-vegetariana, da semi-vegetariana, da pesco-vegetariana e da omnívora, indicou a dieta vegetariana como a melhor e a omnívora como a pior.1 Isto porque são as características nutricionais dos alimentos de origem vegetal que tipificam a definição da dieta saudável.2,3

ALGUNS ASPECTOS DE TOXICIDADE INERENTES
AO CONSUMO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
  • Desprovidos de vitamina C e fitoquímicos antioxidantes, o que influencia negativamente os processos de envelhecimento e doença.
  • Fontes de micronutrientes em formas potencialmente tóxicas – Ferro-Heme e Retinol.
  • Desprovidos de fibra, o que favorece desordens digestivas e alimentares, entre outras.
  • Excessivamente ricos em gordura – o nutriente da obesidade – sendo essas gorduras danosas – Saturadas, Trans e Colesterol – o que provoca lesões vasculares, diabetes, obesidade, etc..
  • Elevada densidade calórica, devido à sua concentração elevada em gordura, baixos níveis de água e ausência de fibra, o que facilmente conduz a sobrecarga calórica e excesso de peso.
  • Excessivamente densos em proteína, e com uma concentração particular de aminoácidos com um maior potencial de acidez – o que incita problemas relacionados com a acidose, activação de mTOR e níveis elevados de IGF-1 e de insulina – que participam determinantemente no desenvolvimento de patologias crónicas.
  • Desprovidos de hidratos de carbono, o que resulta em menos-valias metabólicas e afecções físicas e cognitivas.
  • Fontes de Colina e de Carnitina, cujo metabolismo produz Óxido de Trimetilamina, uma substância carcinogénica e aterogénica.
  • Fontes de Ácido Araquidónico, uma substância que exacerba prejudicialmente a resposta inflamatória, o que pode conduzir ao desenvolvimento de cancro.
  • Fontes de Ácido Siálico, uma substância que despoleta reacções imunitárias que podem originar auto-imunidade e cancro.
  • Fontes de Nitrosaminas e compostos N-Nitroso, potentes carcinógenos.
  • Fontes de Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos e Aminas Heterocíclicas, potentes carcinógenos.
  • Fontes de Glicotoxinas, que estão relacionadas com a carcinogénese.
  • Fontes de exposição a fumos nocivos, provenientes da sua confecção.
  • Fontes mais concentradas de exposição a toxinas ambientais, tais como Dioxinas, DDT, Mercúrio, etc. através do fenómeno de bioacumulação.
  • Fontes relevantes de exposição a antibióticos, medicamentos e hormonas, que contribuem para a obesidade, intoxicação e carcinogénese.
  • Fontes de bactérias, vírus, priões e parasitas, que contribuem para uma enorme carga de doença e riscos pandémicos.
  • Conducentes de decomposição intestinal venenosa, com formação e exposição a diversos tipos de toxinas, tais como o Sulfureto e as Aminas Abiogénicas.

Para quê expor o organismo às toxinas inerentes aos produtos de origem animal, quando os nutrientes que estes contém podem ser obtidos de fontes desprovidas da amplitude dos riscos?

CONSUMO DE ANIMAIS EM MODERAÇÃO?

A moderação não pode ser advogada responsavelmente para todo o tipo de hábitos patogénicos. Fumar moderadamente simplesmente introduz os malefícios de uma forma proporcionalmente inferior, não os remove. Da mesma forma, o consumo moderado de produtos animais introduz um grau de toxicidade inferior a um consumo liberal, mas contribui de uma forma proporcional para o mesmo tipo de degenerações. Obviamente que, quanto menor for a introdução de um composto nocivo, menor é a capacidade de quantificar os seus malefícios, no entanto, isso não pressupõe a ausência de um malefício, mas sim as dificuldades inerentes à sua quantificação.

Embora o consumo de doses restritas de produtos de origem animal aparente traduzir-se apenas em pequenos aumentos do risco de doença, quando esses aumentos são transpostos à totalidade da população, o resultado são milhões de mortes prematuras. Consumos “moderados” de carne, lacticínios e ovos estão associados à subida do colesterol sanguíneo, que, por sua vez, inflaciona as taxas de mortalidade de doenças degenerativas.Por essa razão, as directrizes dietéticas oficiais falham redondamente, uma vez que promovem planos que garantem elevadas incidências do tipo de doenças que supostamente servem para prevenir. Adicionalmente, os valores médios de factores de risco considerados saudáveis são problemáticos e colocam uma parte significativa da população em risco de doença.Ambos estão moldados, não a partir de uma determinação científica com o intuito de esclarecer a sociedade da melhor forma, mas sim com o propósito de deformar a evidência de acordo com os interesses das corporações e os standards comportamentais das massas. Mesmo que a maior parte da população mantenha níveis de colesterol inferiores a 200 mg/dL, a incidência de doença cardiovascular vai ser preocupante. Apenas níveis de colesterol de cerca de 150 mg/dL permitem deter a manifestação, progressão e o avanço da doença, valor esse que só é atingido em populações com dietas vegetarianas.

Investigadores de um dos maiores estudos de nutrição de sempre, que colectaram e analisaram dados de mortalidade de mais de 50 doenças, incluindo 7 cancros diferentes, de 65 países e 130 vilas na China, a partir de amostras de sangue, urina, refeições e dados dietéticos detalhados, concluíram que não há evidência de um limite a partir do qual mais benefícios não ocorram com o aumento da proporção de alimentos vegetais na dieta. Em relação aos americanos, os chineses consumiam menos de metade da gordura, 10% da proteína animal e três vezes mais fibra, o que se traduzia num colesterol médio de 127 mg/dl na China versus 203 mg/dl nos E.U.A., com mortalidades de doença cardiovascular 16.7 vezes inferiores.Estudos em populações budistas que consomem dietas com muito pouca carne ou peixe demonstram que os verdadeiramente vegetarianos têm menos hipóteses de desenvolver pré-diabetes e diabetes, não revelando um único caso da doença.8 Nos Adventistas de Sétimo Dia que seguem dietas vegetarianas, os homens vivem mais 9.5 e as mulheres mais 6.1 anos do que o resto da população californiana, e até os que consomem apenas uma refeição de carne por semana vivem menos do que os que consomem uma por mês.9 O mesmo se passa com dietas lacto-ovo-vegetarianas, que revelam não conferir tanta protecção contra mortalidade cardiovascular, obesidade, hipertensão e diabetes tipo 2 como as dietas verdadeiramente vegetarianas.10

PROPORÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, DIABETES E HIPERTENSÃO
11

PROPORÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E DIABETES12

PROPORÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E RISCO DEMÊNCIA13

PROPORÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E RISCO DE CATARATAS14

A ingestão “moderada” de carne, peixe, lacticínios e ovos traduz-se em aumentos “moderados” da incidência de doença, não em favorecimentos de saúde.

RISCO DE DEFICIÊNCIAS NUMA DIETA
TOTALMENTE VEGETARIANA?

Dietas totalmente vegetarianas são nutricionalmente adequadas e apropriadas para todos os estádios da vida – incluindo na gravidez, lactação, infância e adolescência – e oferecem benefícios nutricionais e de saúde distintos.15 Ainda assim, a maior parte dos ditos especialistas encara a substituição completa de calorias de origem animal por calorias de origem vegetal como uma menos-valia nutricional. É necessário reafirmar que os alimentos de origem vegetal são os nutricionalmente mais densos, como tal, quanto maior for a proporção do seu consumo, menor o risco de malnutrição. São os omnívoros que necessitam de prestar uma atenção particular aos seus consumos nutricionais para prevenirem deficiências. Dados dos consumos nutricionais de vegetarianos indicam uma maior propensão para a insuficiência de vitamina B12 (que também se verifica entre comedores de carne), no entanto, usando os mesmos padrões, os consumidores de uma dieta omnívora possuem uma maior propensão para deficiência de vitamina C, E, B9, magnésio e fibra. Os vegetarianos consomem, em média, o triplo da vitamina C, da vitamina E e da fibra, e o dobro a vitamina B9, do magnésio, do cobre e do manganésio, com consumos mais elevados de 16 de 19 nutrientes, incluindo de cálcio.16,17

A respeito da adequação nutricional da dieta vegetariana, o especialista John Mcdougall afirma que, no tratamento de cerca de 5000 doentes com seguimentos tão longos como 28 anos, não foram demonstradas quaisquer deficiências de proteína, ferro, cálcio ou ácidos gordos essenciais, e que os riscos de deficiência são tão baixos que doenças devido à falta de um desses nutrientes – incluindo proteína – nunca foram reportados ocorrer em qualquer dieta humana com consumos calóricos suficientes. Também alerta que a manipulação dietética ou a suplementação para aumentar a quantidade absoluta de proteína, ferro, cálcio ou ácidos gordos pode não ser benéfica, e que, pelo contrário, o excesso de proteína é um factor de adoecimento determinante, a suplementação com cálcio pode aumentar do risco de fracturas e enfarte do miocárdio, e níveis elevados de gorduras “boas” podem aumentar a incidência de alguns tipos de cancro. Por fim, concluí que mais de meio século de marketing criativo pelas indústrias da carne, lacticínios, ovos e peixe produziram medos à volta de deficiências inexistentes, que na prática clínica não precisam de ser monitorizadas por parte de médicos e nutricionistas, e esperam que a não sobrestimação de riscos grandemente teóricos removam um obstáculo desnecessário à aceitação e prática de uma dieta cientificamente correcta.18 Mais importante ainda é a necessidade de constatar que os principais problemas de saúde ocidentais são motivados fortemente por excessos nutricionais, não por deficiências. O consumo das substâncias que caracterizam os produtos de origem animal são implicados principais no fornecimento desses excessos, que se traduzem nas principais causas de morte no ocidente. A dieta vegetariana é uma peça fundamental na resolução contundente desses problemas.19

EVIDÊNCIA NUTRICIONAL – RESPOSTA INEQUÍVOCA

As recomendações do departamento de agricultura dos E.U. veiculam, explicitamente, uma dieta vegetariana. Estipulam opções especificas para o grupo da “proteína” que incluem leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas, etc…), produtos de soja, oleaginosas e sementes. Afirmam que as recomendações para o consumo de peixe não se aplicam a vegetarianos. O grupo dos lacticínios inclui leite de soja, e afirma a possibilidade de substituir por sumos fortificados com cálcio, cereais, pão, leite de arroz e de amêndoa e verduras. Sublinham a perigosidade inerente ao consumo de gordura animal – uma propriedade indelével da carne, lacticínios e ovos.

OUTRAS IMPLICAÇÕES RELACIONADAS COM O CONSUMO MODERADO DE PRODUTOS ANIMAIS

Os problemas mais prementes de estabilidade social estão claramente relacionados com a exploração e o consumo de animais. As alterações climáticas, destruição ambiental, escassez de alimentos e recursos, crise económica, e aspectos que definem fundamentalmente o carácter moral da conduta humana, são inultrapassáveis na estruturação científica da qualidade dietética. Nesse aspecto, a necessidade de rigor torna-se ainda mais premente do que considerando isoladamente a matéria da saúde. Apesar disso, persiste uma convencionalidade que promove a moderação, como se a diferença de grau, não de tipo, fosse capaz de reverter a ameaça. Tendo em consideração que a globalização avança a um ritmo galopante, a avaliação do impacto de um indivíduo deve ser estendida a todo um continente e planeta. O contexto mundial é o único prisma de apreciação fidedigno das implicações da acção humana, contexto esse, onde a maioria da população está prestes iniciar a ocidentalização da dieta. Portanto, o conceito de moderação – como um padrão onde a reduzida proporção da demanda desvaloriza as implicações do impacto – é totalmente inconsequente, perante a dimensão de 7 biliões de indivíduos que afectam insustentavelmente os recursos de um ecossistema finito e delicado… A moderação é a desculpa míope de um princípio de destruição massivo.


Enquanto o homem explorar outras criaturas também ele será vítima de exploração, pelo perpetuar do prisma mórbido que considera a existência de alguns mais valiosa do que a de outros, a partir de características que não reflectem um valor realmente genuíno. Essa é a grande entrave à honra do conceito que denomina uma humanidade definida pela sua humanidade.

CONCLUSÃO

A dieta vegetariana saudável não só possui o maior potencial de providenciar os requisitos nutricionais sem introduzir compostos nocivos, como, simultaneamente, soluciona as problemáticas ambientais, económicas e éticas de uma forma inquestionavelmente mais eficaz do que qualquer outro padrão dietético. Por sua vez, os produtos de origem animal são um factor causal principal na epidemia de doenças crónicas e cataclismo global, razão pela qual o seu consumo é explicitamente desencorajado.

Escolhe Plantas!


1 – Peter Clarys, Tom Deliens, Inge Huybrechts, Peter Deriemaeker. Article Comparison of Nutritional Quality of the Vegan, Vegetarian, Semi-Vegetarian, Pesco-Vegetarian and Omnivorous Diet. Nutrients 2014, 6(3), 1318-1332.
2 – McCullough ML1.Diet patterns and mortality: common threads and consistent results. J Nutr. 2014 Jun;144(6):795-6.
3 – Reedy J, Krebs-Smith SM, Miller PE, Liese AD, Kahle LL, Park Y, Subar AF. Higher diet quality is associated with decreased risk of all-cause, cardiovascular disease, and cancer mortality among older adults. J Nutr. 2014 Jun;144(6):881-9.
4 – Campbell TC, Junshi C. Diet and chronic degenerative diseases: perspectives from China. Am J Clin Nutr. 1994 May;59(5 Suppl):1153S-1161S.
5 – Steinberg D. Thematic review series: the pathogenesis of atherosclerosis: an interpretive history of the cholesterol controversy, part III: mechanistically defining the role of hyperlipidemia. J Lipid Res. 2005 Oct;46(10):2037-51. Epub 2005 Jul 1.
6 – Esselstyn CB Jr. In cholesterol lowering, moderation kills. Cleve Clin J Med. 2000 Aug;67(8):560-4
7 – Campbell TC, Parpia B, Chen J. Diet, lifestyle, and the etiology of coronary artery disease: the Cornell China study. Am J Cardiol. 1998 Nov 26;82(10B):18T-21T.
8 – Chiu THT, Huang H-Y, Chiu Y-F, Pan W-H, Kao H-Y, et al. Taiwanese Vegetarians and Omnivores: Dietary Composition, Prevalence of Diabetes and IFG. PLoS ONE 9(2): e88547.
9 – Fraser GE, Shavlik DJ. Ten years of life: Is it a matter of choice? Arch Intern Med. 2001 Jul 9;161(13):1645-52.
10 – Lap Tai Le,Joan Sabaté. Beyond Meatless, the Health Effects of Vegan Diets: Findings from the Adventist Cohorts. Nutrients. 2014 Jun; 6(6): 2131–2147.
11 – Tonstad S, Stewart K, Oda K, Batech M, Herring RP, Fraser GE. Vegetarian diets and incidence of diabetes in the Adventist Health Study-2. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2013 Apr;23(4):292-9.
12 – Snowdon DA, Phillips RL. Does a vegetarian diet reduce the occurrence of diabetes? Am J Public Health. 1985 May;75(5):507-12.
13 – Giem P, Beeson WL, Fraser GE. The incidence of dementia and intake of animal products: preliminary findings from the Adventist Health Study. Neuroepidemiology. 1993;12(1):28-36.
14 – Appleby PN, Allen NE, Key TJ. Diet, vegetarianism, and cataract risk. Am J Clin Nutr. 2011 May;93(5):1128-35.
15 – Position of the American Dietetic Association and Dietitians of Canada: vegetarian diets. American Dietetic Association; Dietitians of Canada. Can J Diet Pract Res. 2003 Summer;64(2):62-81.
16 – A Waldmann, J W Koschizke, C Leitzmann and A Hahn. Dietary intakes and lifestyle factors of a vegan population in Germany: results from the German Vegan Study. European Journal of Clinical Nutrition (2003) 57, 947–955.
17 -USDA. Food and Nutrient Intakes by Individuals in the United States, by Region, 1994-96.
(Michael Greger. Vegan Diets Deficient in Three Nutrients? Well, Meateaters are Deficient in Seven!
http://web.archive.org/web/20041017010055/http://www.veganmd.org/september2003.html)
18 – McDougall C, McDougall J. Plant-based diets are not nutritionally deficient. Perm J. 2013 Fall;17(4):93.
19 – Leitzmann C. Vegetarian diets: what are the advantages? Forum Nutr. 2005;(57):147-56.

5 Comments

  1. Não deixe, deixem que este sítio vá abaixo. Uma autêntica “bíblia”, verdadeiro serviço público!! Tenho e tento divulgar ao máximo de “acessíveis”, mesmo confrontado que o “status quo”…

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